O
alvo desse estudo será a falsa doutrina do Evangelho da Maldição, que é um dos
produtos da confissão positiva Neo-Pentecostal, e que é também chamado de
Quebra de Maldições, Maldições Hereditárias, Maldição de Família e Pecado de
Geração.
1. Conceitos Heréticos Sobre Maldição Hereditária
Definição
de Maldição Hereditária: "A maldição é a autorização dada ao diabo por
alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do
amaldiçoado... A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as
palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no
curso da vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos
propósitos de Deus... As pragas se cumprem." Jorge Linhares, em Bênção
e Maldição, Pg. 16.
Resumindo
– Essa teoria antibíblica tem a maldição como uma entidade em si mesma que
precisa apenas que alguém desencadeie o processo inicial, que é um pecado
cometido por uma pessoa num passado remoto ou recente; depois disso, passa a
agir com total independência. Não Leva em conta a responsabilidade pessoal. Diz
Marilyn Hikey, em seu livro Quebre a Cadeia da Maldição Hereditária: "...mas
a maldição da sua terra não foi transmitida pelo pecado pessoal deles ou mesmo
dos ancestrais, mas pelos habitantes anteriores (os índios sioux)."
A
maldição, segundo a doutrina em questão, opera cegamente atingindo qualquer um
ao seu alcance; vai se transmitindo indefinidamente através do tempo, até que
um especialista em quebra de maldições a quebre; usa como meio receptor e
transmissor um local, um objeto, uma pessoa, uma família, uma cidade, um país
etc...; como uma energia maligna invisível, vai se espalhando [conforme os
milhares de "testemunhos" baseados em experiências subjetivas e
desmentidas pela Bíblia]. A maldição em certas circunstâncias parece operar por
si mesma, como um mal invisível que tem personalidade própria e poder de se
auto determinar; já em outras circunstâncias parece ser uma energia maligna
operacionalizada por demônios, que são chamados de "espíritos
familiares". Essa maldição tem que ser quebrada pela intervenção humana
num ritual que difere de especialista para especialista.
Os
diferentes elementos do ritual herege da quebra de maldição:
à
Busca de palavras de conhecimento e de revelações extra-bíblicas para se
descobrir a causa específica das maldições hereditárias. Na busca das causas da
maldição, vale até entrevista com demônios. Marilyn Hickey conta: "Certa
vez expulsamos um espírito mau de uma mulher. Perguntamos a ele: ‘Quando você
entrou aí?’ Ele respondeu com alguma coisa jocosa. Então indagamos: ‘Por que
você está aí?’ Ele respondeu: ‘Porque se eu a peguei, pego também o filho
dela!’ Aquela mulher foi liberta!"
à
Declaração de que não se aceita os problemas porque são fruto de maldição;
à
Oração a Deus e Profissão de Fé ao Diabo. Marilyn Hickey narra um caso desses: "Amado
Pai Celestial, Tu me amas! Tu enviaste Teu Filho para quebrar esta maldição...
Tenho o Seu Nome... Nome que protege. Seu sangue me purifica de imediato. Estou
liberto pelo sangue. No Nome de Jesus, amém. Agora, em voz alta, faça esta
profissão de fé: ‘Satanás! Tu e os teus maus espíritos do alcoolismo ouviram a
oração que acabo de fazer! Tiveste a tua chance, mas o teu poder está quebrado...
Em Nome de Jesus, a tua maldição está quebrada... Por isso, diabo, afasta-te
daqui e não tornes nunca mais!".
à
Exorcismo com palavras de ordem amaldiçoando a Satanás para amarrá-lo e livrar
a geração por ele amaldiçoada. Marilyn Hickey diz: "O diabo é o
valente. O que temos de fazer a ele? Amarrá-lo. E depois? Nós lhe tomamos a
casa – ou aquela geração! Nós dizemos: Ei, diabo, espere um minuto! A minha
geração não pertence a você porque eu o amarrei em Nome de Jesus, e você não
vai fazer isso! É isso que fazemos: Rompemos a maldição em Nome de Jesus."
Aqui
encontramos uma maneira simplista, mística, ilusória, e ineficiente de se
enfrentar problemas causados por pecado. Essa é uma fantasiosa vitória sobre o
pecado. A fórmula correta de vitória sobre o pecado é arrependimento
contínuo que conduz a uma vida de piedade caracterizada por temor a Deus,
desejo de Deus e amor a Deus, ou seja, um sincero e humilde cultivo da
santidade na dependência do Espírito Santo e obediência da Bíblia.
à
Mudança no Conceito de Pecado: Pecado passa a ser mais uma coisa que herdamos
de nossos ancestrais e portanto não somos culpados, do que uma coisa na qual
somos responsáveis diretamente.
à
Arrependimento não bíblico: Depois de ser protagonizado e ensinado todo esse
confuso e anti-bíblico ritual acima, Marilyn Hickey insatisfeita e insegura de
sua metodologia acrescenta a única coisa que era necessária desde o início: "O
que quebra a maldição é o arrependimento." – Bastaria o
arrependimento, e nada das invenções seria necessário.
2. Heresias Específicas da Doutrina da
Maldição Hereditária
a) Antropocentrismo e o Poder Onipotente das Palavras Humanas:
Anulação
da soberania divina e caos na terra.
à
O poder divino das palavras humanas - As palavras do Evangelho da Maldição têm
poder em si mesmas: São comparadas às sementes, que tem dentro de si mesmas o
poder para germinar. – "As palavras são como sementes que, caindo em
solo próprio, achando as condições favoráveis, germinam, crescem,
frutificam..." "Nossas palavras podem alimentar ou anular a ação de
Satanás." "Convidei-a para orarmos juntos. Pedimos a Deus a solução
dos conflitos emocionais e depois, de comum acordo, quebramos e anulamos a
maldição das palavras de zombaria. Naquele momento, o Senhor a libertou." Jorge
Linhares, Pgs. 16, 11, 12.
à
Incoerência – Pedem a Deus a solução do problema e depois como se fossem
oniscientes e onipotentes decretam a solução desse mesmo problema.
à
Humanismo Mal Disfarçado: O homem é que coloca maldições mediante suas palavras
de praga e outro homem, mediante palavras de oração a Deus e repreensão do
diabo, quebra essas maldições. Deus entra apenas como ator coadjuvante, com um
papel secundário e quase dispensável.
à
Um exemplo de Heresia: Mãe define o futuro da filha por dizer-lhe palavras
impensadas – "Quando você se casar e tiver filhas não haverá paz em sua
casa. Eles serão contenciosos e a discórdia será uma constante. Depois de algum
tempo ela se casou. Vieram os filhos, e a maldição cumpriu-se plenamente. A
casa virou um inferno... tivemos um tempo de aconselhamento e oração, e a
maldição foi quebrada." Linhares, Pg. 15
à
Teoria Que Implica Caos do Universo – No caso das palavras duras da mãe em
relação ao futuro da filha, se é verdade que o lar da moça se tornou um inferno
por causa da maldição da mãe, isso seria terrível, pois isso implicaria que o
destino das pessoas e do universo estariam no poder das palavras de pecadores
inconsequentes, falíveis e imprevisíveis. Isso geraria um caos e um descontrole
total da vida na terra. Isso anularia a própria soberania de Deus no Universo.
Isso tiraria o governo das mãos de Deus e o colocaria na boca dos homens. Isso
é ridículo, antropocêntrico e anti-bíblico.
b) Deus Depende das Palavras Humanas Para Agir?
à
Um Deus dependente do homem – Este é o Evangelho da Confissão Positiva e do
Evangelho da Maldição – "Palavras produzem bênção... [ou] maldição...
Palavras negativas... dão lugar a opressão demoníaca... ...Palavras positivas
(confissão positiva), amorosas, de fé, de confiança em Deus, liberam o poder
divino para desfazer a opressão..." Linhares, Pg. 16, 18
à
Uma caricatura do Deus da Bíblia – Essa afirmativa deixa Deus dependente das
palavras humanas para liberar seu poder. É quase como se Deus precisasse de
autorização humana para agir. Esse não é o Deus da Bíblia, é, sim, uma grotesca
caricatura do Deus da Bíblia. De fato, um Deus destronado pelo homem, que
proclama as suas pretensões à divindade quando imagina que suas palavras podem
fazer tudo acontecer.
à
Psicoterapia Freudiana Mistificada – ou Doutrina da Transferência de Culpa do
Pecador para seus ancestrais. Consiste na transferência da culpa e da
responsabilidade do comportamento pecaminoso pessoal de alguém para parentes,
amigos, professores etc... que no passado disseram algo impensado.
Tentar
ajudar alguém, aliviando a sua culpa por transferi-la para
"maldições" herdadas da família é apenas uma variação maligna da
técnica criada pelo ateu Sigmund Freud, que, em vez de usar
"maldição", usa os termos "complexos" e "doença
mental" para explicar comportamentos anormais e erros das pessoas,
lançando a responsabilidade de seus pecados e crimes em seus parentes e
professores de um passado distante..
à
O Evangelho da Maldição é um Processo Sutil de Transferência de Culpa – Seus
mentores atribuem todos os pecados à maldição hereditária: "...comecei
a perceber nos testemunhos de prostitutas, homossexuais, ladrões e assassinos,
que quase sempre seu envolvimento nesses tipos de vida irregular fora precedido
por palavras de maldição, proferidas principalmente pelos pais." Linhares
Pg.29
Marilyn
Hickey diz: "Essas coisas que nos perturbam e apoquentam são,
realmente, maldições de famílias ou de gerações – problemas que começaram com
os nossos ancestrais e vieram até nós. E o que é pior: eles não vão parar aqui;
podem ser transmitidos aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos!"
O
pecador que pela sua natureza decaída já gosta de arrumar desculpas para os
seus pecados lançando ou transferindo a sua culpa para outros, encontra nesta
teoria diabólica um meio fajuto de aliviar sua consciência por lançar sua
própria culpa sobre os outros. Adão, após a queda, transferiu sua culpa para
Eva, e Eva, para a serpente (Gn 3).
O
tremendo mau que o ateu Freud fez através da psiquiatria no mundo secular os
defensores da maldição hereditária de família estão fazendo no meio evangélico,
criando um bando de gente irresponsável pelos seus próprios pecados.
à
O Evangelho da Maldição usa os ancestrais como bodes expiatórios das culpas
presentes dos pecadores. Deus abomina essa inversão maligna: "O que
justifica o perverso e o que condena o justo são abomináveis para o Senhor,
tanto um quanto o outro." Pv 17.15. A seguir damos exemplos do que
acabamos de falar:
Culpar
os pais por comportamento homossexual – "depois de ser tanto
amaldiçoado, acabei me envolvendo com homossexualismo". (Linhares, Pg.
13).
Confrontação
invertida – Mais adiante no livro, Linhares confronta o pai de um jovem
homossexual com as seguintes palavras: "...ele [o gay] é
homossexual por sua culpa [do pai]... O senhor como pai o amaldiçoou
desde pequeno, chamando-o de mulherzinha." Pg. 31.
Responsabilidade
invertida – Na confrontação acima ainda diz para o pai: "Tudo pode
mudar. Depende de você [se referindo ao pai]." (Pg. 31). O
ridículo e anti-bíblico nessa confrontação invertida e absurda de pecados é que
Linhares diz que a mudança da situação de homossexualismo do jovem gay depende
do pai por quebrar a maldição proferida por ele, e não do rapaz em pecado.
Arrependimento,
e não quebra de maldição – Em vez de ficar procurando um bode expiatório no
passado para lançar a culpa do pecador, deve-se seguir o processo bíblico de
levar o pecador a assumir pessoalmente toda a culpa por seu comportamento
pecaminoso, iniciando assim um processo genuíno de arrependimento e
restauração.
c) O pacto com o diabo à revelia do consentimento da pessoa.
Essa
doutrina coloca o diabo como centro de todos os problemas humanos. Podemos
fazer um pacto com o diabo entregando outra pessoa a ele? Isso sem que aquele
que fez o pacto e o que é entregue saber ou fazer isso conscientemente?
à
O caso de entrega de uma pessoa ao diabo motivada pela maldição da mãe. – A mãe
disse para a filha: "Sua burra, preguiçosa, o diabo que te
carregue." Em seguida Linhares diz: "Mesmo sem intenção, [essa
mãe] entregara a filha ao diabo. Livro "Benção e Maldição, Pg. 19).
O
homem de Corinto é entregue a Satanás por causa de seus próprios pecados, e não
porque alguém com raiva dele decidiu fazer isso (1 Co 5.1-5). A decisão de
entrega espiritual de vida tem de ser algo individual e intransferível.
Essa
pseudo-guerra contra o diabo é um espetáculo de supervalorização dele com
desvalorização da soberania de Deus. Deus é o soberano absoluto do Universo, o
sumo bem, e faz o que lhe apraz.
d) A Palavra de Deus versus as Palavras do Homem.
As
palavras humanas têm poder em si mesmas para realizar aquilo que dizem? A
resposta é não. As palavras que têm poder em si mesmas são as palavras de Deus,
escritas na Bíblia.
Quanto
poder têm as palavras humanas? Somente o poder que Deus queira lhes dar
conforme o Seu propósito. A palavra humana que tem poder é aquela que é falada
em nome de Deus, como no caso dos profetas bíblicos, ou dos pregadores da
Palavra escrita na Bíblia.
"Assim veio a Palavra do Senhor por intermédio do profeta
Jeú, filho de Hanani, contra Baasa e contra a sua descendência." 1 Re 16.7 - "disse a Elias: Nisto
conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é
verdade." 1 Re 17.24
A
palavra que não volta vazia sem cumprir o seu propósito é a palavra de Deus e
não a palavra dos homens: "assim será a palavra que sair da minha boca:
Não voltará para mim vazia mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para
que a designei." Is 55.11.
O
poder e efeito das palavras do homem são como a flor que murcha, mas a palavra
de Deus é diferente: "seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra
de nosso Deus permanece eternamente." Is 40.8. Portanto, não é a
palavra dos homens que devemos temer, mas a Palavra de Deus.
Quanto
poder tem a "Palavra de Fé" ou pronunciado com fé, conforme
Marcos 11.21-24? – O que é de errado com a "confissão positiva"?
"Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a
figueira que amaldiçoaste secou. Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus;
porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e
lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz
assim será com ele. Por isso, digo-vos que tudo quanto em oração pedirdes,
crede que recebestes, e será assim convosco."
Os
defensores da Confissão Positiva interpretam mal esse texto, como se Deus
estivesse dando total soberania e poder irrestrito às palavras do homem (poder
para conseguir qualquer coisa, bastando para isso pronunciar, declarar ou
confessar o que se quer], e a chave dessa soberania seria a fé. Mas o que seria
essa fé em Mc 11.21-24? É fé centralizada em Deus: "Tende fé em
Deus." (v. 22); é fé que não carece de sinais visíveis (Jo 20.29; II
Co 5.7).
O
que essa fé não é: não é fé na fé – ou seja, como se a fé fosse algo em que se
deva confiar. Não se deve confiar no poder da fé, mas na pessoa de Deus (Mc
11.22); não é fé no homem – "Maldito o homem que confia no homem."
– isso é confiar em si mesmo. (Jr 17.5); não é fé que funciona
independentemente da vontade de Deus – "E esta é a confiança que temos
para com ele: que se pedirmos alguma coisa segundo a nossa vontade ele nos
ouve." 1 Jo 5.14.
Conclusão – Um confronto entre verdade e erro.
Os
autores dos livros examinados dão várias fórmulas para se quebrar a maldição
hereditária de famílias. Essas fórmulas contém coisas bíblicas, outras
anti-bíblicas, e ainda outras inventadas simplesmente por incredulidade dos
autores, que gostam de andar pela vista e não pela fé.
É verdade – Que o pecado gera maldição [castigo] na
vida do sujeito autor desse pecado. "a maldição, se não cumprirdes os
mandamentos do Senhor [pecado], vosso Deus, mas vos desviardes do
caminho que hoje vos ordeno..." "Aquilo que o homem semear ele
ceifará."
Exemplos
de pecados específicos causadores de maldição ou castigo divino ao pecador:
Gostar de amaldiçoar, praguejar, e desejar mal aos outros )Sl 109.17; Rm
12.14); idolatria (Dt 27.14,15); Feitiçaria (Dt 18.10-14); Rebeldia contra os
pais (Dt 27.16); Mudar os marcos da terra (Dt 27.17); Crueldade com deficientes
(Dt 27.18); Imoralidade Sexual (Dt 27.20-23) etc...
É mentira – Que a maldição de outra pessoa, conseqüência dos seus pecados,
seja transmitida como herança a seus familiares; cada um dará conta do seu
pecado. "Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a
Deus." Rm 14.12
É verdade – Que as conseqüências do pecado de alguém
afetam indiretamente seus familiares e conhecidos, pois ninguém peca
para si só. As conseqüências atingem a todos. "No seu caminho há
destruição e miséria." Rm 3.16.
É mentira - Que os problemas (espirituais, psicológicos e de saúde) dos
filhos são conseqüência de maldição herdada dos pais. Por exemplo: a sífilis em
uma criança pequena é resultado da maldição ou castigo da prostituição do pai,
porém, não é a maldição em si mesma, mas sim é resultado da maldição dos pais.
E neste caso a sífilis da criança não é uma maldição a ser quebrada, mas uma
doença a ser curada. "A alma que pecar essa morrerá." - e não
outra que não pecou. (Ez 18.4)
É verdade – Que as palavras humanas podem se tornar
muito destrutivas. Joseph W. Stowell resume bem o poder destrutivo das
palavras: "as palavras podem ser destrutivas em três aspectos. Elas podem
destruir (1) nosso relacionamento com Deus, (2) nosso relacionamento com
aqueles que amamos e até (3) nosso relacionamento conosco mesmo." Depois
acrescenta: "Ter uma língua é como Ter dinamite entre os dentes: é
preciso pensar nisso." [O Controle da Língua – Pg.14 – Editora Batista
Regular].
Tiago
nos adverte: "a língua é fogo; é mundo de iniqüidade... contamina o
corpo inteiro... põe em chamas toda a carreira da existência humana, como é
posta ela mesma em chamas pelo inferno." Tg 3.6. Não que elas tenham
um poder místico nelas próprias para destruir, mas que podem promover
destruição pelos efeitos causados pela reação negativa e anti-bíblica de
pessoas muito sensíveis.
Uma
pessoa disse algo muito sábio acerca de agressões verbais. Ela disse: "quem
é dono de sua boca diz o que quer; eu sou dona dos meus ouvidos e escuto o que
quero." Em resumo, as palavras humanas de maldição só terão poder em
quem vier a escutá-las com temor, e venham a se deixar impressionar
psicologicamente pelas mesmas. Vejamos Eclesiastes 7.21,22 – "Não
apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas ouvir
o teu servo amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu tens amaldiçoado a
outros."
Charles
Spurgeon também aconselhava as pessoas a terem um ouvido surdo, e dizia:
"Não dês o coração a todas as palavras ditas – não as leve ao coração ou
não lhes dê importância, não atentes para elas, nem procedas como se as tivesse
ouvido. Você não pode deter a língua das pessoas; portanto, a melhor coisa é
deter os seus próprios ouvidos, e não ligar para o que digam. (Lições aos
meus alunos – Pg. 174 – Publicações Evangélicas Selecionadas).
Outra
mentira é dizer que as palavras de maldição têm poder em si mesmas. As
palavras dos amaldiçoadores são como eles próprios: "vento" (ocas,
vazias ou sem poder em si mesmas), porém voltarão para eles como um bumerangue,
pois quem deseja o mal aos outros está desejando para si mesmo. – "Até
os profetas não passam de vento, porque a palavra [de Deus] não está com
eles; as suas ameaças [maldições] se cumprirão contra eles mesmos."
Jr 5.13.
Ainda
as palavras e as maldições dos prognosticadores ou profetas que não são
inspirados por Deus são consideradas como PALHA – sem nenhum valor, ou
possibilidade de se cumprir – Jr 23.28-31.
Aqueles
que amaldiçoam o seu próximo estão ignorantemente se colocando em curso de
colisão com a própria maldição que proferem, não porque as suas palavras tenham
poder em si mesmas, mas porque Deus os fará colher a maldição que está
plantando para outros. – "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
tudo aquilo que o homem semear também ceifará." "Tudo quanto, pois,
quereis que os homens vos façam assim fazei-o vós a eles." (Gl 6.7; Mt
7.12).
Ainda
é mentira dizer que o homem tem a prerrogativa de autorizar o diabo a cumprir
maldição de suas palavras na vida de outros.
Aqui
há uma inversão conceitual, pois conforme a Bíblia é a humanidade que "jaz
no maligno" e não "o maligno jaz na humanidade". O mínimo
que um homem pode fazer é "dar lugar ao diabo" em sua própria
vida, ou seja, fazer ou dizer coisas que darão progressivo controle de Satanás sobre
sua vida. Porém, a Bíblia nunca diz que podemos autorizar o diabo a
executar maldições na vida de outros. (1 Jo 5.19; Ef 4.27).
Essa
definição veio da feitiçaria e da bruxaria. Na feitiçaria lançar
feitiço equivale a lançar malefício ou maldição de feiticeiro.
De
fato, não há real base bíblica e teológica para as definições e práticas da
maldição hereditária. Quando Jorge Linhares, Marilyn Hickey e outros defensores
dessa heresia usam versículos da Bíblia, usam textos que falam do poder das
palavras, e de maldições, mas tirando-os do contexto, manipulando-os e
adulterando o sentido da Palavra de Deus, e, para apoiar a sua doutrina
insustentável biblicamente, usam um grande número de supostos testemunhos, com
interpretações subjetivas e falaciosas. O fato é que os textos usados por eles
não dá respaldo à teoria humanista e mística da maldição hereditária da família
defendida por eles e por muitos outros.