Por Pr. Magdiel G
Anselmo
Há uma linha tênue
entre o amor e a obsessão pela denominação a que somos membros.
Alguns dentre nós
parecem amar mais a denominação do que o próprio Deus. Parecem amar mais a
forma da organização do que a própria Bíblia. Defendem com muito mais vigor a
"sua igreja" do que propriamente as doutrinas bíblicas
fundamentais.
Esse "amor"
desmedido pela denominação da qual fazem parte traz um orgulho, que
sabemos, não é saudável. Temos que entender que a denominação não é
infalível e muito menos perfeita. Seus métodos e sua forma de se organizar pode
não ser a melhor ou a mais eficaz hoje como eram a tempos. Não temos que
"fechar os olhos" para seus erros administrativos e metodológicos.
Em
toda organização existem momentos de manutenção e acerto de direção em sua
trajetória.
Temos sim que levar em
conta que o aperfeiçoamento dos processos deve ocorrer, e em alguns casos, a
mudança ou até o abandono de formas antigas pode ser inevitável e necessária
para que haja alcance, abrangência e acima de tudo, edificação.
Isso não significa
negligenciar ou desrespeitar a tradicão, mas sim, aprender com ela e quando
necessário fazer dela o "trampolim" para novos procedimentos e novos
dias.
O amor denominacional
é compreensivo, mas tudo tem limite, não pode se tornar em obsessão cega.
Quando vivemos grande
parte de nossa vida envolvidos com e em uma organização é comum
adquirirmos por ela forte zelo e amor. Isso não é ruim, desde que direcionado
corretamente. Todo desequilíbrio traz problemas, inclusive nesse caso.
O amor pela
"nossa igreja" não pode suplantar ou sobrepujar a reflexão e o
discernimento do que é correto e do que é razoável.
O que é inquestionável
e imutável devem ser sempre preservados como são o caso das Escrituras. As
metodologias, formas e organizações que são criadas pelo homem devem sempre
passar pelo crivo bíblico e, também pela prova do tempo e da sua
eficiência em cada momento da história. Não é pecado aperfeiçoar ou
mudar, desde que não incorramos em desrespeito ou infrinjamos os ensinamentos
bíblicos já nos revelados.
Mas, lamentavelmente o
que vêmos muitas vezes é que somente a possibilidade em mudar traz um
perplexidade tamanha que parece que estamos a negar a nossa fé em Cristo. Modificar
uma estrutura de muitos anos parece ser mais difícil que a transformação de vidas
em Cristo.
Inevitavelmente esse
conceito conduz a arrogância e orgulho denominacionais. "A minha igreja é
a melhor", "o nosso jeito é o melhor", afirmam soberbamente sem
discernir se realmente isso é uma verdade atualmente, como se a forma, o jeito,
o método, etc... estivesse ao mesmo nível ou até superior a própria Palavra de
Deus, essa sim uma verdade em qualquer época ou contexto. Os limites para se
adentrar na caracterização de uma seita quase são ultrapassados. Temos que
fugir do exclusivismo e da tendência de pensar que somos os mais perfeitos
dentre os mortais. A forma pode variar desde que não afete o conteúdo, a
essência - isso é que devemos propagar e defender.
Aí então, percebemos
que muitos defendem com mais energia a não mudança ou o aperfeiçoamento de
métodos e formas já comprovadamente ineficazez do que a própria fé cristã
como orienta a epístola de Judas.
O zelo tornou-se
obsessão arrogante e o amor transformou-se em cegueira espiritual.
O orgulho
denominacional tem crescido, principalmente nas igrejas mais antigas,
tradicionais e históricas, e esse crescimento nada traz de bom a causa de
Cristo ou a expansão da Igreja, mas tem alcançado também as novas e já
percebemos os conflitos desnecessários que causam.
Mais reflexão bíblica e
menos paixão denominacional, são aconselháveis em nosso contexto atual.
Nos desapegarmos
de costumes e tradições denominacionais que já não tem sentido
ou necessidade é algo a se considerar para que cresçamos e façamos a
diferença em nosso presente século. A idéia equivocada de que é
pecado mudar procedimentos ou formas deve ser rejeitada e o aprimoramento
de nossa atuação exige muitas vezes um replanejamento e direcionamento
adequados e contextualizados.
O questionamento da
postura de meros replicantes do passado é crucial. O cristão "papagaio de
pirata" que somente repete sem avaliar, sem julgar o que lhe
é ensinado ou imposto pelas organizações não tem mais espaço em uma Igreja
que deseja aprender com seus erros e progredir em sua expansão. As
questões secundárias (as que não dizem respeito ao texto bíblico) devem ser
reavaliadas e provadas em seu funcionamento, operacionalidade e eficiência.
Não podemos e não
devemos canonizar o que não é sagrado.
As desculpas de
termos e seguirmos linhas teológicas variadas e de possuirmos histórias
diferentes não justificam ou explicam os
erros cometidos ou a ausência de reflexão sobre o assunto em
questão.
Pensemos urgentemente
com seriedade sobre essas questões.
Fonte: A Verdade Bíblica
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