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A Graça da Garça

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os "Estevam Hernandes" da vida são culpa nossa!



Danilo Fernandes



 Os "Estevam Hernandes" da vida só existem por conta da nossa negligência. Somos seduzidos a não ser diligentes no controle da gestão de dízimos e ofertas e assumimos uma posição que nos é cômoda, mas muito confortável para os meliantes.

Ofertamos para a Obra, sem assumir qualquer responsabilidade sobre o destino dos recursos arrecadados. Transferimos a responsabilidade "espiritual" para o gestor escolhido "se ele errar se entenderá com Deus, eu fiz a minha parte e dei" e nem ao menos oramos pela boa gestão dos recursos.

Errado! Já estamos, por praticidade e liberalidade unilateral, transferindo para os líderes algumas responsabilidades que Cristo nos deu pessoalmente e não coletivamente. Obviamente, há boas razões para nos organizarmos assim  para melhor apoiar a missão da igreja. Contudo, ao fazer isto, não estamos livres da responsabilidade de apoiar espiritual e financeiramente a obra e, nem tão pouco negligenciar o controle sobre os preciosos recursos destinados a esta.

No Brasil, até por uma questão de tradição, dinheiro público é assunto carregado de negligencia, apadrinhamento, malversação, etc. Parece incrível, mas como resultado do desconforto coletivo que varia do "dinheiro de ninguém" ao "eu também quero uma boquinha", muitos assumem a posição de alienação real, ou ao menos para fins práticos.

Dinheiro de igreja é questão igualmente permeada de males crônicos parecidos, somando-se a estes o temor de que o zelo pelo que é para ser gerido segundo as prioridades de Deus venha a ser motivo de desconforto duplamente qualificado para com a liderança da igreja (dinheiro + espiritual). E, para piorar, não faltam no arsenal dos pastores que não gostam de prestar contas dos gastos da igreja versículos "ungidíssimos" dirigidos ás ovelhas rebeldes e intrometidas com complexo de auditor.

Exemplo recorrente

Há pouco mais de um mês noticiamos que Estevam  Hernandes estava vendendo pulseiras que custam R$ 140,00 no varejo por R$ 1.000,00 afim de arrecadar dois milhões de reais para fazer a manutenção da antena da TV Gospel, localizada na rua Consolação, em São Paulo.

Nem um mês depois do início da campanha, que também anda envolvendo uma pressão de torniquete para que seus filhinhos baixem o seu novo lançamento musical no itunes demos a notícia – com exclusividade – que o apostolo ingressara no aeroclube apostólico gospel, sendo o mais novo proprietário de um jatinho de seis milhões.


Ora vejam, meus amigos se não é uma beleza isto: 

- Cai o templo da Renascer, morrem várias pessoas, fica tudo por isto mesmo e o Hernandes vende milhares de chaveirinhos e chapéus em uma campanha de “Nemias” para a reconstrução do templo. Não acontece niente e o camarada aparece meses depois com novas BMWs, passeando de iate e no dolce far niente.

Agora é preciso fazer a manutenção da antena da TV Gospel... Mas não falta grana para avião e para as motos DUCATTI.


No bolso do trabalhador 

Se uma denominação deve ou não ter uma TV aberta,  é  boa discussão.  E se é o caso de teré também o caso de saber se a TV foi comprada com dinheiro de doações carimbadas para este fim, no nome de um fundação de gestão normatizada, transparente e estruturada de forma a garantir que este patrimônio seja sempre usado para os interesses do Reino e não da família "dona da igreja".

Ou teria a mesma sido comprada com o dinheiro de dízimos e ofertas? Isto é cabível?

Mas vamos seguir.

Lá está a TV comprada e funcionando. Uma TV cristã. Você consegue imaginar que direitos legais dos funcionários ali trabalhando não estejam sendo cumpridos à risca?


Pois veja você, meu irmão (ã) o que acontece na TV da Renascer... Segundo o site Renascer Prime os funcionários desta emissora criada para proclamar o evangelho não estão tendo o seu FGTS devidamente depositado. 

Veja o que disse à  reportagem do Renascer Prime a esposa de um dos funcionários lesados: "A nossa tristeza é ver que eles compram avião, trocam piso e não pensam que os funcionários são pais de família. O nosso caso não é excessão, existem funcionários que não recebem o salário do mês. Temos três filhos e estamos em uma situação muito difícil". (sic)
Segundo informações de funcionários, o FGTS é pago esporadicamente pela emissora: "eles depositam (o FGTS) só as vezes" disse. O mesmo site também informa que  o departamento financeiro da Rede Gospel liberou cerca de R$120 mil para troca dos cenários dos programas "De bem com a Vida" e "Renascer em Revista" apresentados pela família Hernandes, além da compra de televisores LCD. O dinheiro gasto vem das doações de membros da Igreja Renascer que a pedido do apóstolo Estevam estão "comprando" uma pulseira idêntica a usada pelo líder no valor de R$1.000,00. A intenção do apóstolo, segundo a Folha de São Paulo, é arrecadar R$2 milhões para manutenção da torre e reforma elétrica e troca de cenários.


Em 2007, lembra o site,  a Justiça bloqueou a torre de TV depois que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) fez um pedido ao Ministério Público dizendo que o dinheiro usado na compra da torre e também do prédio foi desviado das ofertas da igreja. O prédio estaria em nome da FH Comunicações, de propriedade de Sônia Hernandes, a bispa Sônia, e do filho dela, Felipe Hernandes. 



Você é responsável por este tipo de descalabro

Diante de mais um fato envolvendo desvio de dízimos e ofertas de fiéis, me cabe deixar algumas perguntas para a sua reflexão.  Quando você dá seus dízimos a uma denominação que tem um dono, outro que não Jesus– tipo assim: o avô foi o bispo fundador, o bispo primaz atual é o seu filho e o herdeiro eleito é o neto - ou seja, uma capitania hereditária eclesiástica, você procura tomar as seguintes precauções:

- Verifica o DNA do bispo para saber se ele é da tribo de Levi e, portanto, depositário fiel do dízimo junto com o seu clã presente e futuro?

- Procura saber qual é o salário da "família imperial eclesiastica"?

- Verifica se os bens da denominação (terrenos, templos, estações de TV, estações de rádio, etc.) estão no nome da denominação ou da família ou de empresas da "família"?

- Se os bens estão no nome da denominação, já procurou saber qual é o modelo de gestão, o formato da entidade criada e outras questões importantes que garantam que tais bens não serão malversados ou manipulados em favor da "família real"?

- Há transparência nas contas da denominação?

Dinastia religiosa gera monstros com o dinheiro do dízimo.

Queremos o FICHA-LIMPA religioso

Lembre sempre que nas denominações tradicionais estas questões estão, em geral, bem resolvidas e os seus dízimos e ofertas são geridos com temor, muito também em função da estrutura que foi aperfeiçoada nos diversos modelos que se conhece. Da mesma forma, a existência de instâncias de poder superiores à igreja local servem no controle dos descalabros (ou pelo menos deveriam...). Contudo, nas denominações de “dono” osamba-lê-lê corre solto e; entre o desmando total que se vê aqui na Renascer e pequenas e grandes sujeiras jogadas para debaixo do tapete em outras organizações religiosas tabajara, não faltam exemplos de denominações aparentemente idôneas escondendo uma construção de patrimônio de líderes feita às custas de dízimos de fieis e vários escândalos de gestão, veja o exemplo recente da Igreja Maranata. 


Você é responsável pelo sustento da Obra, mas também pelo zelo com que se gere os recursos.


A sua congregação precisa de suas ofertas para fazer a obra de Deus e você, como nova criatura do Reino de Deus tem a oportunidade de, generosamente, segundo o seu coração, e possibilidade, prover o sustento da sua comunidade, afinal, você é um membro da mesma. 

Somos todos responsáveis pelo IDE e, como homens transformados, temos a alegria de colaborar para o Reino de Deus. Contudo, é também sua responsabilidade ficar atento aos recursos confiados e participar da elaboração das linhas gerais de destinação dos mesmos.

Não se trata de colocar o dinheiro em um envelope e ir à frente depositar o recurso no altar, na fogueira, ou sabe lá em que buraco santo te apontem... Não! O tempo do templo e dos sacrifícios já passou. No Caminho da Graça, a gestão dos recursos segue a lógica e a prioridade do próprio Caminho -do Criador do Caminho, dos caminhantes e das necessidades dos que estão à beira do Caminho, pois o Caminho é, por definição, misericordioso.

Você é parte da comunidade e co-responsável por tudo o que dali decorre. Se há organismos, comités, regras de gestão, etc. Procure conhecê-los e destes participar, ou se informar. Se não há nada, se não um baú gerido por uma família de líderes, um pastor e dois gatos pingados que decidem tudo e não oferecem transparência, saia correndo de lá! Deus não está nesta jodada não! Saiba que uma das formas que Deus usa para direcionar os recursos segundo a Sua vontade é através da voz dos irmãos da comunidade. Sim, camarada, juntos, alicerçados  na Palavra, podemos ser profetas econômicos de Deus. (Leia ATOS!)

Faça isto! E o faça com as prioridades de Cristo, que colocou as pessoas em primeiro lugar na missão. A garantia do sustento generoso e aprimoramento dos líderes; o apoio às missões, as ações sociais e a cultura cristã que subverte a cultura mundana; a viabilidade dos serviços da comunidade, o ensino, a formação da juventude, o amparo aos idosos, o auxílio prioritário aos irmãos de casa em dificuldades, as viúvas, etc... Tudo isto é importante. Mas olhe ao seu redor! Olhe para este mundo perverso e lembre-se que VOCÊ foi remido, separado e santificado para ser a luz do mundo! Para fazer a diferença, carregar a chama subversiva do AMOR. Quem precisa do seu amor e da sua caridade?

Tudo faz parte da integralidade da nossa existência cristã e, se esta não for missional, esta simplesmente não é. 

Não é sua responsabilidade dar vida de nababo a líder, comprar veículos de comunicação de massa, aviões e nem tão pouco erigir um império patrimonial que será gerido sabe-se lá em que bases.

Seus recursos devem servir ao Reino e o Reino não está mais nos templos, mas na sinalização do Reino de Deus aqui e agora. Na voz dos profetas, na seara dos discipuladores,   na coragem dos missionários, dos resgatadores de vidas, no acolhimento dos aflitos, nos fomentadores de dignidade, na vocaçao dos professores, na audácia dos verdadeiros pregadores do Evangelho do Reino.

Parem de contribuir para as obras de clubes sociais domingueiros! Se a sua retórica é a de dar dinheiro para Obra de Deus, faça-o em verdade! E pare de achar que Obra é mais um show impactante em sua igreja ou o novo estofamento das cadeiras do templo - isto é "obrinha", conforto e diversão, mais ou menos relevante e necessário. Com que cara de pau gospel irás apresentar estas realizações  ao Seu Pai:

 - Pai, em seu nome dizimei para a nossa igreja possuir uma TV que transmite 'A Fazenda'   E fizemos um templo igual ao de Salomão...  


e bem poderia dizer Deus...


- Homem mau! Não foi este mesmo que Eu derrubei! E ainda colocas este fausto na TV para que Meu povo sofrendo nos mucambos se escandalize em Meu Nome!


Olhe para a verdadeira OBRA. Aquela pela qual Cristo morreu. Será que após suprir as necessidades básicas da existência e propósito da sua congregação tem sobrado recursos para a VERDADEIRA OBRA? Ou pior, quando sobra, este vai para os shows, as cruzadas de egos, os programas de TV, a casa de marajá do bispo, as pedras de Israel no chão do templo, as micaretas gospel, etc.?

Que catzo de cristianismo é este?

Fonte: Genizah

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