O Verdadeiro Arrependimento é o que Produz Convicção de Pecado

Você sabe o que é arrependimento?

É uma condição necessária para a salvação, é o elemento primário e principal no processo de salvação, ele também é o instrumento fundamental na prática da vida cristã. A má compreensão do real significado do arrependimento na sua experiência individual poderá promover uma falsa ilusão de conversão ou de uma vida cristã autêntica. Existem fatores que levam a má compreensão do que seja o verdadeiro arrependimento de pecados: mera tristeza ou remorso pelo pecado, abandono de um mau hábito, resposta ao apelo do Pastor no culto, mudança de opinião sobre religião e etc. O Arrependimento está além dessas coisas, apesar do arrependimento começar com uma tristeza pelo pecado. Pelo arrependimento, o homem reconhece que é pecador e volta-se para Deus. O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção de pecado; contrição do pecado; confissão do pecado; abandono do pecado e conversão do pecado.

“Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte”. (2Co 7.9-10 Nvi)

No grego arrependimento é “metanóia” que significa, mudança de mente. Porém na Bíblia seu sentido vai além disso, significando uma mudança de rumo, de direção e de atitude. O verdadeiro arrependimento envolve a pessoa toda, todo o seu ser, toda a sua personalidade.

Pense comigo: Pecado é afastar-se de Deus. Como alguém já disse, pecado é aversão a Deus e conversão para o mundo; enquanto que o verdadeiro arrependimento significa conversão a Deus e aversão ao mundo. Quando há verdadeira contrição, o coração está entristecido por causa do pecado; quando há verdadeira conversão, o coração fica liberto do pecado. Quando existe arrependimento sincero, deixamos a velha vida, e somos transportados do reino das trevas para o reino da luz. Aleluia!

O arrependimento verdadeiro acontece no coração e produz uma diferença visível em nossas ações. Não nos leva ao desespero, nem a auto-piedade. Mas faz-nos enxergar nossa verdadeira condição de pecadores. Faz-nos ver o que somos de dentro pra fora. Move-nos a uma mudança espiritual genuína e diária.

“É uma mudança de opinião, uma mudança de atitude que realmente produz mudança de direção nos pensamentos, nas palavras e nas ações” (J. Dwight, A Sã Doutrina).

Porque existe uma necessidade de arrependimento?

O Evangelho nos ensina que é impossível desvincular arrependimento de salvação. É impossível ser salvo sem se arrepender-se de verdade. Este ensino estava presente nas pregações de João Batista (Mt 3.2), de Pedro (At 2.38; At 3.19) e de Paulo (At 17.30; At 26.20). E o próprio Jesus pregou o arrependimento em seu ministério (Mt 4.17; Mc 1.14,15). O arrependimento é tão central no Evangelho, que Jesus além de pregar sobre arrependimento, também ordenou a igreja que não deixasse de pregar sobre isso para que houvesse verdadeira salvação: “E lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia. E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém”. (Lc 24.46-47).

Sendo uma necessidade, quem é o maior interessado no arrependimento?

Deveria ser o homem desobediente, mas não é. Deveria ser o miserável pecador, mas não é. Deveria ser toda a humanidade corrompida, mas não é. O maior interessado no arrependimento é Deus, aliás, todo verdadeiro arrependimento provém de Deus porque cada homem arrependido volta-se para Ele.

Deus se interessa pelo arrependimento

“Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. (At 17.30-31).

Na dispensação passada, antes do pleno conhecimento de Deus à raça humana se revelar através de Jesus Cristo (o mistério que esteve oculto nos séculos e gerações), Deus deixou impune os pecados cometidos, bem como a ignorância humana quanto à sua Pessoa (Rm 3.25). Agora, com a plena e perfeita revelação de Deus através da vinda de Cristo, a Palavra de Deus ordena a todos que se arrependam e creiam em Jesus como seu Senhor e Salvador. Não haverá exceção, pois Deus não vai tolerar os pecados de quem quer que seja. Todos devem abandonar seus pecados para serem salvos, ou serão condenados.

“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. (2Pe 3.9)

O arrependimento provém de Deus: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4)

É Deus quem busca o homem pelo arrependimento, portanto é dever de todo homem se arrepender para serem cancelados seus pecados e haja verdadeira salvação. Sem arrependimento não há conversão ou salvação. O arrependimento promove um redirecionamento de vida cujo alvo maior é Deus, pois ele passa a ser amado em inteireza de coração, alma, entendimento e força.

Um certo teológo disse: "Todos nós nascemos de costas para Deus. O arrependimento é uma mudança de trajetória. É uma volta de cento e oitenta graus."

Em termos práticos, o arrependimento é uma experiência que ocorre em um momento específico do tempo. Todo aquele que se diz salvo, um dia, na sua história, passou pelo arrependimento, abandonando sua vida sem Cristo, a fim de viver exclusivamente por Cristo e para Cristo. No entanto, mesmo estes que estão vivendo em Cristo podem precisar se arrepender de um pecado cometido, pois ainda que o poder e a culpa do pecado foram anulados, a presença do pecado permanece e pode os levar a pecar.

Somente Jesus (o homem mais perfeito) não precisou e não podia se arrepender, por que não tinha pecado. Com essa única exceção, desde a Queda do homem no Éden, nunca existiu qualquer pessoa justa que não necessitasse de arrependimento. Por isso tanto incrédulos quanto crentes precisam do arrependimento para a salvação.

Toda pessoa que se arrepende dos seus pecados, confessando-os diante de Deus precisa necessariamente manifestar os frutos. João Batista pregava dizendo: “Produzi, pois frutos dignos de arrependimento”. Toda pessoa que se arrepende e confessa seus pecados, alcança frutos que outrora jamais conseguiria: O perdão dos pecados, a fé salvifíca em Cristo, o batismo nas águas, o dom do Espírito Santo.

Acredite! Pelo arrependimento você reconhece que nasceu de novo, nasce de Deus e para Deus. Você agora passa a possuir uma nova natureza, uma nova identidade, pois agora Cristo vive em você. Pelo arrependimento você pode se tornar um verdadeiro filho de Deus pelo seu poder, ou seja, você pode ganhar a benção de ser adotado na família de Deus.

Se você ainda não se arrependeu verdadeiramente dos seus pecados e recebeu a Cristo, Deus lhe diz, se arrependa! Se você já se arrependeu e vive com Cristo, Deus lhe diz, não despreze o perdão que você recebeu, não se distraia, não se desvie, não perca o alvo. Se você já é um salvo e ainda não conseguiu se arrepender de algum pecado cometido, saiba que Deus está aqui para te perdoar e lhe purificar de toda iniqüidade.

Salvação não é para todos, é para os que se arrependerem de seus pecados e receberem Jesus como Senhor e Salvador. Podemos ser bons, realizar caridade, mas somente somos salvos pela graça mediante a fé em Cristo.

“Se não houver arrependimento consciente, não haverá verdadeira noção de ter sido salvo do poder do pecado” (Millard Erickson).

Pr. Flavio Muniz