Discípulo do Mestre e Senhor Jesus Cristo
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A Graça da Garça

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Discípulos não discipulados




Há pelo menos várias décadas, as igrejas do mundo ocidental não consideram o discipulado condição para ser cristão. Não se exige nem se espera de um indivíduo que ele seja um discípulo a fim de se tornar cristão, e é possível continuar sendo cristão sem nenhum sinal de progresso rumo ao discipulado ou dentro dele. As igrejas de hoje, especialmente as americanas, não exigem como condição de membresia - para ingressar ou continuar numa denominação ou congregação local - que Cristo seja seguido em seu exemplo, espírito e ensinamentos. Seria ótimo encontrar exceções a tal afirmação, mas essas só serviriam para ressaltar sua validade geral. No que se refere às instituições cristãs de nosso tempo, o discipulado é inequivocamente opcional.

Claro que isso não é segredo. Os melhores livros atuais sobre discipulado declaram abertamente ou pressupõem que o cristão pode não ser um discípulo - mesmo depois de freqüentar a igreja a vida inteira. A arte perdida de fazer discípulos, um livro bastante usado nessa área, apresenta três níveis de vida cristã: o convertido, o discípulo e o obreiro. De acordo com esse livro, há um processo apropriado para conduzir as pessoas a cada nível. O evangelismo produz convertidos, o fortalecimento ou acompanhamento produz discípulos, e a preparação produz obreiros. Diz-se que os discípulos e obreiros podem renovar o ciclo por meio do evangelismo, ao passo que somente os obreiros podem fazer discípulos pelo trabalho de acompanhamento.

O retrato da "vida da Igreja" apresentado nesse livro é, em sua maior parte, compatível com a prática cristã americana. Mas será que esse modelo não torna o discipulado algo inteiramente opcional? Claro que sim, da mesma forma que torna opcional o discípulo vir a ser um "obreiro".

Assim, hoje em dia, inúmeros convertidos exercem a liberdade de escolha que lhes é oferecida pela mensagem que ouvem: escolhem não se tornar - ou, pelo menos, não escolhem se tornar - discípulos de Jesus Cristo. As igrejas estão repletas de "discípulos não discipulados", como Jess Moody os chamou. É evidente que, na realidade, isso não existe. Grande parte dos problemas das igrejas de hoje pode ser explicada pelo fato de seus membros nunca tomarem a decisão de seguir a Cristo.

Nessa situação, não adianta muito insistir em que Cristo deve ser Senhor. Apresentar seu senhorio como uma opção o coloca na mesma categoria que rodas de liga leve, pneus especiais e equipamento de som. É possível viver sem esses acessórios. E - infelizmente! - não se sabe ao certo como seria viver com eles. A obediência e o ensino visando à obediência não formam uma unidade doutrinária ou prática com a "salvação" apresentada nas versões recentes do evangelho.




Extraído do livro: WILLARD, Dallas - A grande Omissão. Editora Mundo Cristão, 2008.
Fonte da imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Restout_les_disciples_d%27Emmaus.jpg
Français : Les disciples d'Emmaüs ou le repas d'Emmaüs Jean II Restout 1763, Église Saint-Leu-Saint-Gilles (Paris).


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