Discípulo do Mestre e Senhor Jesus Cristo
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A Graça da Garça

domingo, 26 de agosto de 2012

PÉROLAS DO PÚLPITO CONTEMPORÂNEO – Nº 2



“QUE OS DEMÔNIOS SEJAM QUEIMADOS AGOOORAAA…”
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Há pregadores que, no início de suas performances, fazem orações exibicionistas pelas quais estimulam os que gostam de movimentos carnais, ocos, vazios de significado, desordeiros e indecentes. Eles dizem, nessas “orações”, que os demônios ficarão distantes do local de culto tantos quilômetros. Caso algum demônio maluco — “pois só pode ser maluco para estar neste lugar”, dizem — demore mais que cinco segundos para se retirar, é queimado imediatamente…
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Apesar das efemeridades descritas acima, vou tentar analisar com equilíbrio a tese de que os demônios podem ser queimados quando alguém verbera contra eles, em um culto. Em primeiro lugar, proponho as seguintes perguntas: Os demônios entram num local de culto? Podem ser eles arrancados de um lugar onde os crentes se ajuntam, ou Deus permite que eles ali permaneçam?
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Sabemos que o templo é apenas um espaço físico onde nos reunimos para prestar um culto coletivo a Deus. O Senhor Jesus age no meio daqueles que se reúnem em seu nome e habita no coração de seus servos (Mt 18.20; Cl 1.27). No entanto, isso não significa que o Inimigo deixa de agir na vida das pessoas que lhe dão lugar, mesmo dentro de um espaço onde ocorre um culto a Deus.
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Nem Jesus ordenou que os demônios ficassem distantes dEle tantos quilômetros, tampouco deu-lhes alguns segundos para que desaparecessem, a fim de que não fossem queimaaaaaados… Não! Jesus, no auge de sua consagração ao Pai, em jejum e oração, foi tentado pelo Maligno, mas venceu-o pela Palavra de Deus (Mt 4.1-11).
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Os demônios vêem e ouvem tudo o que acontece em um culto. E há casos em que são eles que agem no meio do povo, e não o Senhor Jesus! Imagine o caso da igreja de Laodicéia, em que o Senhor Jesus estava do lado de fora (Ap 3.20)! O pastor daquela igreja, sendo um desgraçado, miserável, pobre, cego e nu, dizia: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”. Haja arrogância!
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É preciso ter em mente três definições para a palavra “igreja”. Existe a Igreja como Corpo de Cristo, a igreja local e o templo, que também costumamos chamar de “igreja”. Os demônios não entram na Igreja — com “i” maiúsculo —, porém no espaço destinado aos cultos sim, podendo também influenciar ou até possuir alguns indivíduos da igreja local, mesmo durante a performance de um super-pregador.
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Portanto, mais importante do que ficar berrando ao microfone que os demônios estão sendo queimaaados, com a intenção clara de impressionar o ingênuo povo de Deus — que tem sido enganado por falta de conhecimento (Os 4.6) —, é ensinar os crentes a se sujeitarem a Deus (Tg 4.7a), a fim de que, de fato, tenham poder para resistir ao Diabo (Tg 4.7b; 1 Pe 5.8,9).
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“CRENTE QUE NÃO FAZ BARULHO TEM DEFEITO DE FABRICAÇÃO”
.É mesmo? Quer dizer, então, que o crente que grita é mais crente do que o que não grita? É a maritaca superior às aves silenciosas ou às que emitem suaves grunhidos? Quem disse que alguém para ser pentecostal tem de ser barulhento? Quando Elias saiu da caverna, em Horebe, o Senhor se manifestou por meio do vento que quebrava pedras? Estava Ele no terremoto ou no fogo? Não! Ele falou ao profeta mansa e delicadamente (1 Rs 19.11-13).
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Há casos em que, de fato, há ruído, barulho na presença de Deus (Ez 37.7). No Céu, inclusive, haverá altissonantes vozes de louvor a Deus: “… ouvi no céu como uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus” (Ap 19.1). Mas nem sempre barulho denota manifestação do Espírito.
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Não combato a liberdade de glorificarmos a Deus, e sim o mau costume que os manipuladores de platéia têm de mandar o povo dizer “aleluia” e “glória a Deus” enquanto pregam.
Isso é uma prática reprovável, pois ninguém precisa nos mandar glorificar a Deus, num culto. E se um crente, em um culto, quiser glorificar ao Senhor em voz baixa? É ele — repito — inferior ao que o faz como se fosse uma maritaca?
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“FALE EM MISTÉRIOS, IRMÃO!”
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É triste ver uma parte do povo de Deus sendo manipulada por homens que pensam estar lidando com fantoches! Mandam os crentes falarem em línguas estranhas a todo o tempo, como se pudessem fazer isso por iniciativa própria. Empregam seus bordões, levando os incautos, quais títeres, a fazerem isso e aquilo. Em sua prepotência, pensam até que podem controlar as operações do Espírito Santo!
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Ora, as línguas estranhas — a rigor, desconhecidas de quem as pronuncia — são dadas sobrenaturalmente pelo Espírito de Deus. É Ele quem fala por meio de nós. Nesse caso, que história é essa de os pregadores estimularem os crentes a falarem em mistérios? Quanta presunção! E já não é de hoje que eles fazem isso, tratando os servos de Deus como marionetes.
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Não sou contra as manifestações espirituais. Tenho convicção de que a promessa do derramamento de poder do Espírito é para hoje (At 2.38,39). Aliás, o Senhor sempre me tem dado mensagens em profecia e em línguas estranhas. Não sou eu quem resolvo falar simplesmente porque sou pentecostal! Tudo ocorre de modo sobrenatural. Ainda que, como profeta, eu tenha autocontrole (1 Co 14.32), não falo em línguas porque quero. O impulso é do Espírito Santo, que é soberano em suas ações (Jo 3.8).
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É bom que entendamos, à luz da Bíblia, o porquê das línguas provenientes do Espírito de Deus. Elas podem ser dadas para edificação do crente; e, nesse caso, não há necessidade de que as pronunciemos em voz alta (1 Co 14.2,4). Mas há também as línguas pelas quais são transmitidas mensagens do Senhor, quer as inteligíveis — como ocorreu no dia de Pentecostes (At 2.7-12) —, quer as que necessitam de interpretação (1 Co 14.13,26-28).
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Extraído de:
ZIBORDI, Ciro. Mais erros que os pregadores devem evitar, Ed. CPAD

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