Por Hélio
O culto ao dinheiro e às riquezas que hoje caracteriza – lamentavelmente –
muitas igrejas evangélicas é completamente estranho ao ensino bíblico da boa
nova. Em suas “liturgias” modernosas existe uma convocação ao “sacrifício” de
dinheiro para se obter os favores de Deus, como se o Todo-Poderoso fosse
obrigado por um contrato esotérico a prover de bens os Seus filhos que lhe
“emprestam” dinheiro, sendo a prosperidade um sinal visível da Sua salvação.
Nada mais profano e antibíblico.
Este materialismo se enraizou de tal forma em
muitas igrejas, mediante discursos cheios de chavões, mantras e palavras de
efeito, que a leitura da Bíblia é desestimulada, justamente para que os ouvintes
não parem para pensar na loucura que vivem e atribuem a Deus.
Se não bastasse o ensino
neotestamentário, de que “não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes
dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem
mancha, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1:18-19), o próprio Velho Testamento, hoje
invocado para cerimônias e votos sacrificiais judaizantes, aponta o caminho da
salvação gratuita pelas palavras daquele que é considerado o profeta messiânico
por excelência: Isaías.
O grande capítulo do seu livro é o 53, onde ele
prefigura a vinda do Messias - o Servo Sofredor - para salvar o Seu povo, e
pouco antes o profeta alerta: “Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes
vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados” (Isaías 52:3). Não por acaso, em
seguida vem a ênfase na pregação do evangelho - “Quão formosos sobre os montes
são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas
boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” (52:7) –, o
anúncio do Messias (cap. 53), coroando a mensagem antecipada (e gratuita) do
evangelho com o clamor de Deus: “ó vós, todos os que tendes sede, vinde às
águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e
comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Por que gastais o dinheiro
naquilo que não é pão! e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode
satisfazer? ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e deleitai-vos com a
gordura” (55:1-2). Todo o restante do capítulo 55 segue nesta toada, a do
perdão (e da vida) oferecido de graça por Deus, sem qualquer necessidade de
dinheiro.
Ainda dá tempo dos seguidores dos
“profetas” monetários voltarem a ler a Bíblia.
Fonte: O contorno da sombra
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